sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Filme do dia 31/01

A freira e a tortura

Ficção, 1983, 35 mm, Cor, 85 min

Adaptação da peça “O milagre da cela”, de Jorge Andrade, “A Freira e a tortura” é um dos filmes mais lineares de Candeias, mas, não deixa de ser uma provocação ferrenha a censura e a religião. Com a produção do rei da pornochanchada, David Cardoso, a Freira e a tortura têm uma forte carga erótica, mas nunca descambando para o pornô, como a maioria dos filmes da Boca do lixo, em meados dos anos 80. O filme, como não poderia deixar de ser, foi censurado, levando uma navalhada da censura federal numa cena que um dos personagens, joga o quadro com a foto do presidente Médice na privada. Polêmicas a parte, o filme foi finalmente liberado, sob veemente protesto e com voto contrário da então chefe do órgão, a famigerada Solange Hernandez, A freira e a tortura provocou uma insólita mobilização de protesto. Era a primeira vez que um filme erótico, egresso da Boca do Lixo e realizado por um artista popular, tinha a simpatia de parcela expressiva da elite política e intelectual, tornando-se mais um símbolo de luta contra o regime.
A Freira é presa como subversiva devido a sua atuação lecionando aos pobres. Uma vez na prisão, é submetida a vários tipos de tortura, inclusive sevícias sexuais. Entretanto, o delegado responsável pela investigação acaba por se apaixonar pela firmeza ética e pela beleza da religiosa. Ozualdo trabalha bastante com o foco/desfoque, o uso intenso da zoom, as locações precárias, deterioradas, a presença de não-atores, o espaço da periferia urbana, o corte abrupto e principalmente o tratamento lírico-patético dos excluídos.

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