sexta-feira, 24 de abril de 2009

Ametistas em circulação

Por Lara Angélica
A represa e seus truques, a água e seus filetes, o canal e suas passagens. Saliências de contaminação serenando o túnel das impossibilidades. Há uma passagem secreta que vai dar num plano onde as dores habitam com ingenuidade. É lá que ficam à espera do silvo de um apito alienante, que suga a primeira da fila para um espaço de outra dimensão, onde vai parar no corpo de pele fina do humano aprendiz. Caminham sem mapa, bússola ou direção. Vão pisando leve, cegas de consciência, obedecendo a leis que desconhecem, seguindo um chamado que apenas indica o próximo passo. São ametistas se submetendo à função de atacar determinados pontos para culminar num caos orgânico. Não respeitam nem a vermelhidão imponente e escarlate do sangue que é a própria vida circulando pelo universo. Com a coagulação do invisível, o corpo está pronto para o primeiro choque de pontadas errantes e desconexas. Entra em erupção a imagem pálida de uma alma aprisionada nas correntes do castigo. Ninguém garante que seja um mal. Parece mais uma outra estrada para a cidade das flores lilás e preciosas. Depois de amanhã podem raiar luzes violetas da amenidade para abafar o escuro roxo de uma agonia. Só aguardando a temporalidade para compreender a gastura de um ontem que deixou rastros em um hoje duvidoso.

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